No primeiro semestre de 2024, o cenário de segurança digital foi drasticamente afetado por diversos ataques de ransomware que atingiram empresas e usuários em todo o mundo. De acordo com o relatório desenvolvido pela Verizon, ataques cibernéticos que exploram vulnerabilidades de usuários aumentaram 180% em 2023, como é o caso do ransomware. Esses ataques são realizados principalmente por grupos extremamente organizados, responsáveis por mais da metade dos incidentes de distorção digital.
Um relatório recente destacou seis grupos principais que dominaram a paisagem das ameaças cibernéticas, sendo que LockBit 3.0 se mantém como a maior ameaça. Embora uma operação policial tenha interferido nas atividades desse grupo, eles se mantêm como o mais ativo no cenário de ransomware.
De acordo com o boletim publicado pela ISH Tecnologia, grandes e conhecidos grupos de ransomware, incluindo LockBit e AlphV (ou Black Cat), têm se tornado alvos de operações policiais em todo o mundo. Contudo, o espaço deixado pelos grupos desmembrados pelas operações acaba sendo ocupado por novos grupos, que adotam novas e mais sofisticadas táticas.
A prevalência desses grupos de ransomware levanta questões fundamentais sobre a prontidão das empresas para enfrentar esses riscos. Assim, diversas organizações subestimam a ameaça representada pelo ransomware, resultando em falhas de segurança que são exploradas pelos cibercriminosos.
Os principais grupos de ransomware em 2024
Como dissemos acima, LockBit continua no topo da lista dos grupos de ransomware mais ativos em 2024. O grupo registrou 325 vítimas apenas no primeiro semestre deste ano, contando com resiliência e capacidade de adaptação diante das mudanças no cenário de segurança cibernética. A estrutura descentralizada desse grupo, aliada às suas táticas de ataque inovadoras, faz com que o LockBit seja uma ameaça significativa.
A ISH Tecnologia destacou a atuação de dois desses grupos de ransomware:
- Grupo Quilong: Possível origem asiática, mas opera significativamente no Brasil. Recentemente se tornou notório pelo vazamento de fotos íntimas e pessoais de empresas do ramo de estética e saúde, causando um grande impacto na vida desses usuários. O ataque foi realizado em abril de 2024, onde o grupo divulgou detalhes da atividade maliciosa na sua página na Dark Web. Eles afirmaram possuir imagens sensíveis pertencentes às empresas que não conseguiram pagar o valor do resgate dentro do prazo estipulado e que as tentativas de contato com as vítimas foram ignoradas.
- Grupo Arcus Mídia: Assim como Quilong, tem priorizado operações no Brasil. Esse grupo utiliza táticas de extorsão dupla, causando bloqueio do acesso aos dados e ameaçando o vazamento das informações. O maior foco desses cibercriminosos são empresas de varejo, educação e tecnologia, causando impactos consideráveis.
Esses grupos especializados utilizam técnicas mais sofisticadas de invasão e extorsão, criptografando dados confidenciais das vítimas e exigindo o pagamento em criptomoedas para devolver o acesso. Assim, o impacto dessas ações vai além dos prejuízos financeiros, causando também impacto na reputação e na operação das empresas. À medida que esses grupos continuam inovando e evoluindo suas táticas, os desafios para combater essas ameaças se tornam ainda mais complexos.
A competição entre esses grupos cria um ambiente de imensa pressão sobre as empresas para melhorar suas defesas cibernéticas. Assim, as organizações mais vulneráveis são aquelas que negligenciam práticas básicas de segurança, como atualização de software, autenticação multifatorial e implementação de senhas fortes.
O que é Ransomware as a Service (RaaS)?
Um dos fatores significativos por trás do aumento nos ataques de ransomware no Brasil é o advento e acessibilidade do Ransomware as a Service (RaaS). Essa ferramenta opera como uma franquia, permitindo que um sindicato central desenvolva ferramentas de ransomware e as alugue para os afiliados do grupo. Esse sistema trouxe democratização à extorsão digital de alto risco, permitindo que novos cibercriminosos de todos os lugares e com investimento mínimo lancem ataques cibernéticos muito devastadores.
Essa abordagem colaborativa aumenta a frequência dos ataques de ransomware, ampliando seu alcance e eficácia, fazendo vítimas de todos os tipos, inclusive empresas de grande porte. Ou seja, afiliados do grupo criptografam os dados da vítima, exigem um pagamento de resgate pela devolução dos dados, compartilhando os lucros com o provedor.
O papel da inteligência artificial na defesa contra o ransomware
A inteligência artificial (IA) ajuda no combate ao ransomware por meio da detecção proativa de comportamentos maliciosos, analisando grandes volumes de dados para identificar padrões suspeitos, como criptografias rápidas de arquivos. Além disso, a IA pode automatizar respostas a incidentes, isolar dispositivos comprometidos e restaurar arquivos de backups seguros. Usando aprendizado de máquina, a IA reconhece novos tipos de malware, analisa logs para detectar ameaças e pode até prever futuros ataques com base em tendências. Ao ser integrada em sistemas de segurança, a IA torna-se uma ferramenta eficaz para prevenir, mitigar e responder rapidamente a ataques de ransomware.
A aplicação de IA na análise de incidentes pós-ataque é outro de seus benefícios. Ferramentas desse tipo conseguem traçar a origem do ataque e mapear os pontos de vulnerabilidade explorados, permitindo que a empresa ajuste suas defesas e evite incidentes futuros. Com sua capacidade de aprendizado contínuo, a IA consegue se adaptar a novas ameaças de forma mais dinâmica, tornando-se uma parte fundamental de uma estratégia robusta de cibersegurança.
Ataque de ransomware contra a Costa Rica
Embora não exista uma vítima específica para um ataque de ransomware, os incidentes que ganharam as manchetes demonstraram como as grandes organizações sofreram prejuízos significativos. Um exemplo disso foi um ataque cibernético executado pelo grupo Conti contra a Costa Rica, causando atraso significativo na administração pública e operações financeiras do país.
Foi declarada emergência nacional e o governo se recusou a pagar o resgate, que inicialmente era de 10 milhões de dólares, posteriormente elevado para 20 milhões. A Costa Rica chegou a perder 30 milhões por dia devido a esse ataque cibernético.
Diante disso, podemos entender como esse tipo de ataque pode ser prejudicial, até mesmo para as organizações mais preparadas. Dessa forma, a necessidade de ferramentas mais robustas de proteção se torna prioritária.
LockBit 3.0: O grupo mais ativo
Em 2024, o LockBit 3.0 tem sido o grupo mais ativo em ataques de ransomware, superando sua concorrência com o número impressionante de ataques bem-sucedidos. Sua abordagem é principalmente baseada em um modelo de Ransomware as a Service (RaaS), no qual os afiliados têm acesso à infraestrutura do grupo para conduzir seus próprios ataques. Ou seja, essa estrutura permite que o grupo se expanda diariamente e opere de forma descentralizada, dificultando o rastreamento e a contenção pelas autoridades. De acordo com autoridades de segurança dos Estados Unidos, o Lockbit atingiu mais de 1.700 empresas em quase todos os setores do mercado.
Dentre os ataques mais divulgados que foram reivindicados pelo grupo, podemos citar:
- Vazamento National Aerospace Laboratories (NAL) da Índia, com a publicação de oito documentos supostamente roubados, incluindo cartas confidenciais, passaporte de um colaborador e outros documentos.
A principal tática utilizada pelo grupo é a dupla extorsão. Além de criptografar os dados das vítimas, o grupo também ameaça o vazamento das informações confidenciais caso o resgate não seja pago. Essa estratégia tem se mostrado eficaz para o grupo, fazendo com que muitas empresas cedam às suas exigências para evitar a exposição de dados sensíveis.
Mesmo após a ação policial que focou no enfraquecimento do grupo, o LockBit demonstrou uma capacidade impressionante de recuperação. Isso levanta preocupações significativas sobre a eficácia das intervenções legais na interrupção dessas operações. O grupo continua evoluindo constantemente, implementando novas ferramentas e estratégias para se manter à frente das defesas corporativas.
Operações do LockBit 3.0 após a intervenção policial
Embora tenha sido realizada uma operação policial para desmantelar as atividades do LockBit, o grupo demonstrou uma grande capacidade de recuperação. Houve uma desaceleração nas suas atividades após a intervenção, mas o grupo conseguiu voltar a operar com força total rapidamente. Sua adaptação ágil às falhas de segurança cibernética e suas novas técnicas de evasão de rastreamento permitiram que o LockBit 3.0 mantivesse suas operações sem prejuízo.
Além disso, a descentralização de suas atividades contribuiu consideravelmente para sua sobrevivência no mercado. Afiliados em diversas partes do mundo continuaram a lançar ataques sob a bandeira do LockBit, mantendo o nome do grupo ativo e relevante.
Assim, esse modelo de atuação não apenas dispensa o risco, como também permite que os cibercriminosos se alinhem sem depender de uma estrutura centralizada de liderança. A sobrevivência do grupo, mesmo após a ação policial, demonstra a dificuldade em combater grupos de ransomware organizados como esse. Sua natureza global e a descentralização complicam o poder de resposta das autoridades e exigem uma colaboração internacional mais eficaz e completa. Além disso, demonstra como a implementação de ferramentas de cibersegurança inovadoras é fundamental para detectar e mitigar essas ameaças de forma proativa.
Outros grupos relevantes no cenário dos ransomware
Embora o LockBit seja o grupo mais notório, outros grupos de ransomware têm desempenhado papéis significativos no cenário de 2024. O AlphV (ou Black Cat), por exemplo, é notoriamente reconhecido por seus ataques direcionados a grandes corporações e também pela utilização de técnicas avançadas de exfiltração de dados.
O grupo Clop, por sua vez, tem grande destaque na exploração de vulnerabilidades em softwares amplamente utilizados, como MOVEit Transfer, resultando em grandes vazamentos de dados.
Outro grupo que tem ganhado notoriedade por ataques bem-sucedidos é o Royal. Ou seja, o foco desse grupo são alvos de alta relevância e geralmente exigem pagamento de resgates substanciais. Seus ataques incluem táticas sofisticadas contra sistemas críticos de infraestrutura, chamando a atenção de autoridades e empresas de cibersegurança.
O grupo Vice Society concentra seus ataques no setor de educação, causando interrupções significativas nas operações de instituições de ensino. Juntamente com o Play, esses grupos representam uma ameaça constante para empresas de todos os tamanhos. Assim, graças à diversificação dos métodos de ataque e à especialização dos cibercriminosos envolvidos, o cenário de ransomware é muito dinâmico e imprevisível, sendo fundamental que as empresas adotem ferramentas mais eficientes e se mantenham vigilantes.
Lista completa dos grupos mais ativos
No ano de 2023, a Secretaria de Segurança da Informação e Cibernética do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República realizou uma pesquisa e análise quantitativa das ameaças cibernéticas, revelando uma lista dos grupos de ransomware mais ativos:
LockBit 3.0
Operando sob o modelo de Ransomware as a Service (RaaS), o LockBit oferece um ransomware sofisticado e uma infraestrutura de ataque para todos os seus afiliados, que podem executar ataques e dividir os lucros. Esse grupo tem como alvo diversos setores, incluindo energia, manufatura, governo, educação e saúde, representando uma ameaça muito séria.
Autoridades policiais dos Estados Unidos e do Reino Unido apreenderam sites que o grupo utilizava para coordenação dos ataques e também os servidores utilizados nas operações.
Black Basta
O Black Basta é um grupo que começou a atuar no início de 2022, supostamente derivado do grupo de cibercriminosos que já havia atacado diversos nomes e países, e era conhecido pelo impacto financeiro que causava. Isso significa que os membros do Black Basta têm muita capacidade e experiência desde o início, o que fez com que sua estreia não fosse sutil.
O grupo rapidamente estabeleceu uma reputação formidável no meio do cibercrime, utilizando táticas de dupla extorsão. No ano passado, o grupo foi responsável por extorquir pelo menos 107 milhões de dólares em Bitcoin. Alguns dos principais ataques do grupo:
- American Dental Association (ADA): Em abril de 2022, a ADA sofreu um ataque do grupo Black Basta, que criptografou seus sistemas e roubou dados sensíveis, interrompendo suas operações e vazando informações online.
- Deutsche Windtechnik: Também em abril de 2022, a Deutsche Windtechnik foi atacada pelo mesmo grupo, forçando a empresa a desativar seus sistemas de controle remoto, afetando o monitoramento de suas turbinas eólicas.
- Sobeys (Empire Company): Em novembro de 2022, a rede de supermercados Sobeys foi gravemente afetada por um ataque do Black Basta, interrompendo operações em várias lojas e prejudicando sua cadeia de suprimentos.
Black Cat
O grupo Black Cat, também conhecido como Noberus ou AlphV, surgiu em 2021 e provavelmente é formado por ex-membros do Darkside, que atacou a Colonial Pipeline. Os ransomwares utilizados pelo grupo têm como alvo sistemas Linux e Windows, sendo muito famoso pela sua estratégia de tripla extorsão, incluindo resgate para descriptografia dos arquivos, promessa de não vazamento e impedimento de ataque de negação de serviço distribuído.
De acordo com dados do FBI, o grupo fez mais de mil vítimas em todo o mundo, operando sob o modelo Ransomware as a Service (RaaS). Um dos seus ataques mais notáveis foi contra a Oiltanking GmbH, onde houve a captura de 1,6 terabyte de dados confidenciais. Esses dados foram comercializados pelo grupo, que demonstrou suas táticas de dupla extorsão. Assim, o grupo ganhou notoriedade através de ataques robustos, como:
- Swissport (2022): A Swissport sofreu um ataque do grupo BlackCat, interrompendo os serviços de despacho de voo e causando atrasos em aeroportos.
- Moncler (2021): A Moncler foi atacada pelo BlackCat, que criptografou dados e ameaçou divulgá-los. Após a empresa recusar o pagamento do resgate, eles publicaram parte das informações na dark web.
- Western Digital (2023): A Western Digital foi vítima do BlackCat em 2023, que alegou ter roubado dados confidenciais e exigiu um resgate para evitar a divulgação.
Após a empresa recusar o pagamento do resgate, eles publicaram parte das informações na dark web.
Clop
O grupo Clop é conhecido por seus esquemas sofisticados de extorsão. Essa organização é notória no mercado de cibercrime, implantando ataques de ransomware que criptografam os dados e adiciona a extensão .clop aos arquivos.
Esse grupo tem como foco instituições financeiras, provedores de infraestrutura crítica, grandes empresas, organizações de saúde e até mesmo instituições educacionais. Recentemente, o grupo supostamente roubou dados de diversas organizações em todo o mundo, incluindo entidades governamentais. As vítimas do ataque incluíram o sistema de escola pública da cidade de Nova York e até mesmo a British Airways e a BBC.
Os principais incidentes relacionados ao grupo são:
Incidente na Universidade de Miami (2020): O grupo de hackers Clop invadiu a Universidade de Miami, comprometendo as informações pessoais de estudantes e colaboradores. Eles demandaram um pagamento em criptomoedas, ameaçando tornar públicos os dados caso o resgate não fosse realizado.
Ataque à Hyundai (2021): O Clop atacou uma das subsidiárias da Hyundai, resultando em um vazamento de informações que afetou tanto clientes quanto funcionários.
Agências do governo dos EUA (2023): O Clop invadiu diversas agências do governo dos EUA, utilizando a vulnerabilidade para infectar computadores com malware, roubar dados e depois exigir uma recompensa.
REvil
O grupo REvil opera sob o mesmo modelo de Ransomware as a Service (RaaS), fazendo com que os afiliados utilizem esse ransomware para atacar indivíduos e empresas. Assim, o grupo ganhou popularidade por ataques a vítimas de alto perfil, como a Apple. Eles também administram um mercado na Dark Web, onde ameaçam vazar dados roubados quando os resgates não são pagos. Seus ataques mais significativos foram:
Ataque à JBS Foods (2021): O REvil atacou a JBS, resultando na paralisação de várias fábricas. A empresa pagou um resgate de aproximadamente 11 milhões de dólares para evitar a divulgação de dados.
Ataque à Kaseya (2021): Em julho de 2021, o REvil comprometeu a plataforma da Kaseya, afetando cerca de 1.500 organizações globalmente exigindo um resgate de 70 milhões de dólares.
Ataque à Acer (2021): O grupo atacou a Acer, exigindo um resgate de 50 milhões de dólares ao explorar uma vulnerabilidade em seus sistemas.
O que significam esses números para as empresas e os usuários?
A ascensão de grupos de ransomware e o aumento no número de ataques significam que empresas e usuários enfrentam um riscos cada vez maiores. Ou seja, esse modelo de ransomware, adotado por grupos como LockBit 3.0, permite que pessoas com recursos limitados e habilidades básicas consigam lançar ataques devastadores, aumentando a pressão sobre as empresas para investir em cibersegurança.
Além do impacto financeiro, as empresas também enfrentam o risco de exposição de dados confidenciais, o que, dependendo do setor de atuação, pode ser drástico. A perda da confiança dos clientes e parceiros comerciais pode causar danos ainda maiores do que as perdas financeiras, uma vez que a credibilidade da organização estará seriamente prejudicada. Uma pesquisa da Security Report revelou que as empresas perdem até 7% do seu valor de mercado após um incidente cibernético. Um relatório recente da IBM revelou que as perdas financeiras com ataques cibernéticos ao redor do mundo devem chegar ao valor de US$ 10,5 trilhões anualmente até 2025
Dessa forma, os números indicam uma necessidade urgente de ação. As empresas e usuários devem adotar medidas preventivas e fortalecer suas defesas cibernéticas contra essa crescente ameaça. Além disso, a educação e a conscientização sobre as boas práticas de segurança são fundamentais para reduzir as vulnerabilidades diante desses ataques.
Risco crescente para os negócios
Assim, os riscos para os negócios decorrentes dos ataques de ransomware têm aumentado exponencialmente em 2024. As empresas que sofrem ataques desse tipo enfrentam interrupções significativas nas suas operações, resultando em perdas financeiras diretas e indiretas. Além disso, a natureza dos ataques de ransomware, que envolve a criptografia de informações críticas, também pode paralisar completamente uma organização até que o pagamento seja efetuado.
Os cibercriminosos vêm utilizando o método de dupla ou tripla extorsão, nos quais não só existe a exigência de pagamento pelos bloqueios dos dados, mas também a ameaça de divulgação das informações confidenciais ou a promessa de novos ataques caso o resgate não seja pago.
Além disso, existe um imenso impacto no planejamento estratégico de longo prazo das empresas. Quando não são tomadas medidas proativas para se proteger contra ransomware, as empresas enfrentam o risco de perder sua competitividade no mercado, à medida que esses ataques podem comprometer o desenvolvimento de novos produtos, a confiança no consumidor e a inovação.
Perda de dados e financeira
A perda de informações valiosas é uma das principais consequências de um ataque de ransomware. Para muitas organizações, os dados representam um ativo mais importante, e a perda pode significar não só prejuízos financeiros, mas também a paralisação das operações. Em 2024, os ataques de ransomware resultaram em milhões de dólares em perdas, seja por conta da interrupção das operações ou pelo pagamento de resgates.
Assim, a exposição de dados sensíveis também gera implicações legais severas, principalmente nos setores regulados como finanças e saúde. Ou seja, deixar de cumprir as normas de proteção de dados pode resultar em multas substanciais e ações judiciais, prejudicando a reputação da empresa.
É importante lembrar que as perdas financeiras não se limitam apenas ao pagamento de resgate. Existem custos adicionais, como a contratação de especialistas em segurança, a implementação de novos sistemas e a comunicação com clientes afetados. Além disso, podem haver indenizações para aqueles cujas informações foram comprometidas por conta do ataque cibernético.
Reputação danificada
Assim como as perdas financeiras, uma das consequências menos tangíveis, mas também devastadoras, é o impacto na reputação da empresa. No mundo cada vez mais digital, a confiança dos clientes na capacidade da empresa de proteger as informações é fundamental para o sucesso do negócio. Por esse motivo, qualquer violação de dados pode trazer um grande impacto na credibilidade da organização.
Além disso, as empresas que sofrem ataques enfrentam a perda imediata da confiança por parte dos clientes, investidores e parceiros. Em alguns casos, também pode ocorrer a perda de contratos importantes e até mesmo a desvalorização da marca, visto que a recuperação após um ataque cibernético é um processo longo e oneroso.
Setores mais afetados
Em 2024, alguns setores se destacaram como alvos preferenciais dos ataques de ransomware. O setor de saúde é um dos mais afetados, provavelmente devido à quantidade de dados sensíveis que são armazenados e à urgência das suas operações. Por esse motivo, hospitais e clínicas frequentemente são forçados a pagar o resgate para garantir que os dados sejam mantidos confidenciais e que as operações continuem.
O setor de educação é outra área duramente atingida, pois escolas e universidades armazenam uma imensa quantidade de informações sobre alunos e colaboradores, tornando-se alvos atraentes para os cibercriminosos. O setor financeiro e de infraestrutura também está entre os mais visados. Devido ao grande volume de transações monetárias e dados altamente confidenciais, as empresas de serviços financeiros são alvos lucrativos. Infraestruturas críticas, como energia e transporte, também apresentam alto valor devido à importância dos seus serviços para o funcionamento da sociedade como um todo.
Como se proteger contra ataques de ransomware?
A proteção contra ataques de ransomware requer uma abordagem em diversas camadas, envolvendo a adoção de tecnologias avançadas de segurança e a implementação de boas práticas de gestão de dados. Assim, um dos principais pilares da estratégia de defesa contra esse tipo de ataque é a prevenção, que pode ser alcançada com práticas eficientes de segurança cibernética, como o uso de firewalls, antivírus e soluções de EDR (Endpoint Detection and Response).
Além disso, a educação e capacitação de seus colaboradores são fundamentais. Muitas vezes, os ataques de ransomware são iniciados com base em um erro humano, como a abertura de e-mails falsos ou o download de arquivos maliciosos. Sendo assim, a implementação de treinamentos regulares sobre boas práticas de segurança digital ajuda a reduzir significativamente o risco e as vulnerabilidades dentro da rede e dispositivos.
O backup regular de dados é uma medida bastante eficaz. Assim, manter backups atualizados e armazenados em um ambiente seguro permite que empresas minimizem danos causados por um ataque, conseguindo se recuperar rapidamente sem a necessidade de pagamento de resgate.
Boas práticas de segurança
A implementação de boas práticas de segurança é indispensável para a prevenção de ataques de ransomware. Isso começa com a manutenção dos sistemas e softwares utilizados pela empresa, já que vulnerabilidades em sistemas desatualizados são uma das principais portas de entrada para os cibercriminosos.
A utilização de autenticação multifatorial é outra prática importante. Acrescentar uma camada de proteção além da senha dificulta o acesso não autorizado aos sistemas, mesmo que as credenciais sejam comprometidas. Além disso, é necessário desenvolver senhas com esse cuidado, tornando-as fortes e evitando combinações simples ou repetidas.
Assim, a segmentação da rede é outra estratégia que pode ajudar a minimizar os danos em caso de invasão. Dividir a rede em diferentes zonas permite limitar o acesso de cibercriminosos a sistemas mais críticos, isolando problemas de forma mais eficiente e evitando que se espalhem por toda a infraestrutura.
Backups regulares
Como mencionado, manter backups regulares é uma estratégia eficaz para mitigar os danos de um ataque de ransomware. O backup permitirá que, caso um ataque cibernético ocorra, a empresa consiga recuperar seus dados sem a necessidade de pagamento de resgate.
Assim, os backups precisam ser realizados de forma frequente e automatizada para garantir que todas as informações críticas sejam armazenadas. Além disso, esses backups devem ser armazenados em locais isolados da rede principal, garantindo que os cibercriminosos não consigam acessá-los durante um ataque.
O uso de backups incrementais, que capturam apenas as mudanças realizadas, é também bem recomendado. Além de otimizar o tempo, isso economiza espaço de armazenamento e garante que os dados mais recentes também estejam protegidos.
Senhas fortes
A utilização de senhas fortes é uma maneira simples e eficaz de proteger sistemas contra ataques de ransomware. Senhas fracas são o primeiro ponto de entrada para os cibercriminosos, sendo necessário que a empresa estabeleça uma política de senhas que exija combinações mais complexas.
Além disso, é importante que a empresa implemente uma política de troca de senhas periódica, de preferência a cada trimestre. Dessa forma, isso reduzirá o risco do sistema não detectar uma senha comprometida por um longo período.
Atualização de software
As atualizações de software são desenvolvidas para que essas ferramentas se mantenham protegidas mesmo diante de novas ameaças. Assim, manter os softwares atualizados é uma das práticas mais importantes para a prevenção de ataques cibernéticos, já que os cibercriminosos frequentemente exploram vulnerabilidades em software desatualizado para acessar os sistemas e redes.
Sendo assim, todas as aplicações críticas utilizadas pela empresa devem ser atualizadas, incluindo sistemas operacionais, ferramentas de segurança, navegadores, softwares de gestão, ferramentas de produtividade e bancos de dados. Ou seja, é importante implementar políticas de atualização automática para garantir que todas as correções sejam aplicadas sem atraso. As atualizações devem ser testadas em ambientes controlados antes de serem aplicadas em toda a rede para evitar conflitos e problemas de compatibilidade.
Soluções de segurança
O uso de soluções de segurança mais abrangentes é um dos principais fatores na estratégia de proteção contra ransomware. É crucial que as empresas implementem uma combinação de diversas estratégias, como antivírus, firewalls e soluções de EDR, para garantir que todas as camadas estejam protegidas. Dessa forma, as ferramentas atuam juntas para a detecção e bloqueio de tentativas de ataque antes que comprometam os sistemas.
As soluções de EDR são particularmente eficazes no combate a esse tipo de ameaça cibernética, pois oferecem uma visão detalhada dos dispositivos e comportamentos da rede. Com isso, permitem a detecção precoce de atividades suspeitas e também isolam dispositivos comprometidos para impedir a propagação do ataque.
Antivírus
Os antivírus são uma das ferramentas mais antigas utilizadas na proteção dos sistemas e dispositivos. Sendo uma defesa essencial contra o ransomware, os antivírus modernos são capazes de detectar uma ampla variedade de malwares, escaneando arquivos e processos em tempo real.
Sendo assim, é imprescindível que o software seja configurado para realizar verificações regulares automáticas do sistema da empresa. Além disso, isso garante a identificação rápida de qualquer ameaça e sua neutralização antes de causar danos significativos à organização.
Os antivírus de nível empresarial oferecem proteção adicional, como sistemas de detecção baseada em comportamento e integração com outras ferramentas de segurança. Assim, soluções mais robustas fornecem uma camada extra de proteção contra ameaças sofisticadas, ajudando a manter a empresa protegida.
Firewall
Os firewalls desempenham um papel indispensável na proteção contra ataques de ransomware, permitindo que a empresa controle o tráfego da rede e bloqueie tentativas de comunicação não autorizadas. Através do monitoramento de tráfego de entrada e saída, os firewalls conseguem impedir que o ransomware se comunique com os servidores de comando, interrompendo a operação antes que ela possa causar problemas.
O firewall também é bastante eficaz para limitar o movimento lateral dentro da rede, uma técnica comum utilizada pelos cibercriminosos para se espalharem por diferentes dispositivos. Assim, a configuração das regras de firewall pode ajudar a isolar os sistemas críticos e prevenir a disseminação de um ataque.
Assim como qualquer outra ferramenta, os firewalls devem ser mantidos atualizados e configurados, complementados por outras soluções de segurança, como sistemas de detecção de intrusões e de prevenção.
EDR (Endpoint Detection and Response)
Assim, com o aumento da sofisticação das ameaças cibernéticas, as soluções de tecnologia precisaram passar por um processo de atualização para se manterem eficientes. As soluções EDR são uma das melhores tecnologias para combater o ransomware. Além disso, essas soluções proporcionam visibilidade em tempo real sobre tudo o que está acontecendo no dispositivo e na rede, permitindo que as empresas detectem atividades suspeitas de forma mais rápida. O EDR fornece uma visão detalhada dos processos e comportamentos em cada ponto final.
Além disso, uma das maiores vantagens dessa ferramenta é a sua capacidade de resposta. Diante da detecção de uma ameaça, o sistema consegue isolar imediatamente o dispositivo comprometido, evitando que o ransomware se espalhe pela rede. Além de mitigar o impacto de um ataque, essa estratégia permite uma resposta rápida antes que os danos se tornem irreversíveis.
A necessidade urgente de ação proativa
Agora que entendemos como o crescente número de ataques de ransomware em 2024 é prejudicial, é imperativo que as empresas adotem uma postura proativa na defesa contra essas ameaças. Assim, uma abordagem reativa é ineficaz para mitigar os riscos do ransomware; a segurança cibernética deve ser vista como um investimento estratégico, não uma despesa.
Uma abordagem reativa é ineficaz para mitigar os riscos do ransomware; a segurança cibernética deve ser vista como um investimento estratégico, não uma despesa.
Para se preparar adequadamente, as empresas precisam implementar soluções mais robustas de segurança e capacitar continuamente seus funcionários. A segurança é uma responsabilidade de todos, e a cultura de segurança deve ser incentivada para reduzir os riscos de exposição.
A colaboração contínua entre empresas, governos e especialistas também é crucial para combater a crescente sofisticação dos grupos de ransomware. Somente através de uma abordagem coletiva e coordenada é possível enfrentar de maneira eficaz essa ameaça representada pelos grupos de cibercriminosos.
O papel da colaboração internacional no combate ao ransomware
O combate ao ransomware exige uma colaboração internacional entre governos, empresas e especialistas em cibersegurança. O caráter transnacional dos ataques desse tipo, com diversos grupos operando a partir de países onde há pouca ou nenhuma regulamentação cibernética, faz com que seja crucial que os esforços de defesa sejam coordenados em nível global.
Nos últimos anos, observamos um aumento na cooperação entre agências policiais e governos de diferentes países para enfrentar esse problema. Um exemplo disso foi a operação que desmantelou parte das operações do LockBit 3.0, enfraquecendo o grupo por um determinado período de tempo. Contudo, muitos grupos de cibercriminosos conseguem se reestruturar rapidamente, mudando de jurisdição ou utilizando infraestruturas descentralizadas. Essas características tornam o combate ao ransomware extremamente difícil e trabalhoso, sendo que somente a colaboração internacional poderá determinar um futuro mais positivo no combate a essas ameaças cibernéticas.