No dia 12 de maio, um ataque de Ransomware, reconhecido como sendo um dos maiores ataques já realizados, chamou a atenção do mundo inteiro. Sistemas de informação de empresas e de serviços públicos, como o Tribunal de Justiça de São Paulo, Ministério Público de São Paulo, INSS, Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra, Telefónica, KPMG, Mapfre, BBVA e milhares de empresas em todo o mundo, tiveram parte de seus sistemas inacessíveis.
Como tudo começou…
O Ransomware pode vir em muitas formas. Neste ataque em específico, os hackers internacionais exploraram uma vulnerabilidade em versões antigas e não corrigidas do Microsoft Windows. A Microsoft corrigiu a vulnerabilidade em seus sistemas operacionais mais recentes em março e, no dia 12 corrigiu versões antigas do Windows. As estimativas sugerem que o ataque afetou mais de 200 mil computadores em pelo menos 150 países.
Os hackers utilizaram ferramentas pertencentes à Agência de Segurança Nacional, dos Estados Unidos (NSA), causando grandes problemas em diversos serviços públicos e empresas. Porém, uma informação que chamou a atenção foi que se essa falha foi corrigida em março, os computadores afetados não estavam com sistema operacional atualizado, conforme determinam as cartilhas de segurança.
O Ransomware denominado WannaCrypt sequestrou e criptografou os dados dos equipamentos infectados, que no caso eram os que não tinham atualizações recentes do sistema operacional. Após esse sequestro as vítimas foram instruídas a pagar aproximadamente US$ 300 (cerca de R$ 1.000 na cotação atual) para conseguir recuperar os arquivos infectados.
Como o pagamento deve ser feito em bitcoins, uma moeda virtual que permite que os criminosos tenham quantas carteiras (repositório que armazena o dinheiro virtual) desejarem para receber o valor exigido, sem ser identificados, o recomendado é não pagar os valores que são pedidos, pois não existe qualquer garantia de que os dados serão recuperados.
Quem parou o ataque?
Ainda na sexta-feira (12), o dia em que os ataques tiveram o seu “pico”, um jovem pesquisador britânico de 22 anos e um engenheiro de segurança da informação dos Estados Unidos pararam os ataques, evitando que se espalhassem por outros países. O britânico que trabalha em uma empresa de inteligência contra ameaças desativou o WannaCrypt após descobrir um domínio (endereço de internet) associado à propagação do malware.
Para seguir contaminando mais computadores, o vírus verificava se este site estava no ar ou não. O rapaz comprou o domínio por um valor equivalente a R$ 33 e até chegou a ser levantada a possibilidade do seu envolvimento com os ataques de Ransomware, mas depois foi entendido que ele ativou um mecanismo de pausa no processo de propagação do WannaCrypt.
No entanto, existe uma preocupação quanto aos computadores que estão em rede interna e estiveram desconectados da internet desde o momento da ativação do mecanismo de pausa, nos quais é possível que o vírus siga se alastrando. Além disso, versões sem a verificação online também podem circular, eternizando esse ciclo do Ransomware.
Mas afinal, o que é Ransomware?
Ransomware é um tipo de ameaça digital que bloqueia o acesso aos seus arquivos e dados, exigindo o pagamento de um resgate para o desbloqueio. É uma forma de extorsão por meio do sequestro de dados. Não é uma novidade no meio tecnológico, pois nasceu ainda nos anos 80, porém hoje em ascensão esse tipo de crime virtual é uma das formas preferidas dos criminosos, pelo fato de ser um método lucrativo e principalmente, que consegue na maioria das vezes manter o anonimato.
Entretanto, antes desse ataque que assustou muitas pessoas e abalou servidores, empresas e órgãos públicos, já vinha se falando da importância de manter a segurança de dados para evitar maiores transtornos. Com isso percebe-se que além do Brasil, muitos países ainda se preocupam pouco com a segurança e proteção contra crimes cibernéticos.
É importante que exista um maior interesse na educação tecnológica, que pode ser por meio de pesquisas, conteúdos sobre segurança ou até mesmo um documento que explique sobre a importância de utilizar a internet corretamente e de forma protegida.
Considerando o crescimento do número de incidentes relacionados a Ransomware, é importante que colaboradores e gestores das empresas mantenham-se informados em relação aos impactos provocados por esse tipo de ameaça, valorizando de forma efetiva os dados e informações da organização.
Como ocorre o ataque
O ataque Ransomware pode iniciar de diferentes formas, por meio de e-mails falsos, phishing, sistemas com falhas de atualizações, entre outras formas. Muitas vezes quando o ataque acontece através de um e-mail falso, o conteúdo induz o usuário a clicar em um link e dessa forma ocasiona o download de um software nocivo. O Ransomware, após baixado e instalado sem que o usuário perceba, criptografa os arquivos presentes no computador e na rede, desde que o usuário possua acesso aos mesmos.
Esse processo de criptografia irá embaralhar o conteúdo dos arquivos, tornando-os inúteis, e somente possuindo a chave correta você poderá reverter os arquivos ao estado original. Em determinado momento o Ransomware irá deixar alguma indicação de como você deve entrar em contato com o criminoso. Um arquivo de texto na área de trabalho ou um papel de parede com uma mensagem, por exemplo, poderão conter um endereço de e-mail e instruções para contato, visando a negociação do resgate.
Segundo pesquisa sobre crimes cibernéticos da Grant Thornton, 21% das empresas consultadas em 36 países sofreram algum tipo de ataque nos últimos 12 meses; na América Latina 39% dos crimes virtuais contra empresas estão relacionados a roubo ou perda de informações estratégicas.
A pesquisa mostra ainda que aumentou de 15% para 21% o número de empresas impactadas em relação ao levantamento realizado no ano passado. Apesar do maior número de atingidos, o prejuízo causado pelos ataques diminuiu frente a 2015, quando foram estimadas perdas de 315 bilhões de dólares.
Medidas para prevenir e evitar o Ransomware
As principais formas de evitar os ataques de Ransomware são relacionadas a alguns princípios simples que abrangem a segurança da informação.
- Cuidado com e-mails e sites falsos: os usuários devem ser educados quanto a sua responsabilidade para com os dados e informações da empresa. Isso inclui saber e entender sobre os riscos a que podem expor os dados quando clicam em um link de um e-mail ou visitam um site sem ter prestado atenção sobre a origem do e-mail, o endereço do site e a sua veracidade.
- Atualizações de software: é importante manter atualizado o sistema operacional e os demais pacotes de software dos equipamentos. As atualizações incluem diversas correções e melhorias relacionadas à segurança da informação, que, como visto anteriormente, são muito relevantes para evitar ataques como os que aconteceram.
- Antivírus: especialmente nos computadores e servidores com sistema operacional Windows, é imprescindível o uso de um bom software antivírus, atualizado e configurado para realizar varreduras periódicas de todo o sistema.
- Controle do acesso à internet: o uso de mecanismos de proteção contra o acesso a sites maliciosos é cada vez mais importante. No caso de empresas, através deste tipo de controle é possível definir quais grupos de usuários terão acesso a quais tipos de sites, evitando assim o uso de sites indevidos ao escopo do trabalho e também o acesso a endereços com conteúdo nocivo. Por meio dessa ferramenta, o gestor protege a rede contra os sites utilizados em ataques e propagação de malwares.
- Permissões de acesso: em muitas pequenas e médias empresas, é um item deixado de lado. No entanto, é relevante checar o nível de acesso que cada usuário ou grupo de usuários necessita em relação aos arquivos compartilhados na rede, por exemplo, no sentido de não fornecer acesso além do necessário. Se um grupo de usuários necessita apenas visualizar determinados arquivos, e não modificar, que tenha acesso somente leitura.
Situação após um ataque de Ransomware
Alguns tipos de Ransomwares já foram decodificados e os arquivos comprometidos podem ser recuperados com ferramentas próprias para isso, como as disponibilizadas pela Kaspersky na iniciativa Ransomware Decryptor. No entanto, existem também outros Ransomwares cuja criptografia continua sendo impossível de reverter sem a colaboração do sequestrador.
O principal esforço que irá solucionar o problema e garantir a continuidade do negócio após o ataque Ransomware, é algo que deve ser implementado e estar funcionando antes do ataque: o backup.
Nunca é demais relembrar a importância de ter um backup confiável, a partir do qual possam ser recuperados os dados importantes após qualquer incidente. A principal maneira de solucionar o problema após ter ocorrido o bloqueio dos dados por Ransomware, é restaurar os dados a partir de backup.
A estratégia de backup deve ser implementada de maneira que haja uma cópia de segurança mantida em um local desconectado do local original dos dados. Ou seja, não se deve manter o único backup em um disco adicional ligado ao mesmo servidor.
Se a cópia de segurança for feita em um disco adicional constantemente conectado ao servidor ou à rede onde ficam os dados originais, no caso específico do Ransomware, é possível que os arquivos do backup também sejam bloqueados no momento do ataque, tornando o backup inútil. É importante ter uma cópia se segurança em local separado física e logicamente do local original.
Os grupos criminosos que realizam ataques Ransomware sugerem que, após o bloqueio dos seus arquivos, você entre em contato com eles para o pagamento do resgate e posterior liberação dos dados. No entanto, é necessário avaliar o risco de negociar ou pagar o resgate, tendo em vista que não há garantia da recuperação dos dados.
Acompanhar e manter a segurança é imprescindível para evitar os ataques e preparar-se com antecedência para a continuidade do negócio após um incidente como o que aconteceu em mais de 150 países.
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